“A memória guardará o que valer à pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.”
Eduardo Galeano
Se você não é um Machado de Assis ou um José Saramago da vida, a boa dica de escrita sempre será: Escreva FRASES CURTAS! As chances de errar são muito menores.
Se o objetivo da sua escrita não é o literário, mas o informativo, não há por que descrever todas as ações e só ao final do período, em total suspense, revelar o sujeito, assumindo assim uma sintaxe pra lá de machadiana.
Pois bem, atendendo a pedidos, iniciamos hoje a série #escrevabem, em que darei valiosas dicas para uma boa escrita.
A introdução ao assunto privilegia uma temática caríssima: a memória. A verdade é que a nossa memória, como diz Galeano, retém aquilo que de alguma forma nos afeta. O tema ainda ganha maior relevância atualmente, na era digital, pois nunca vimos tantos artigos no meio acadêmico que tratam a dicotomia Memória e Esquecimento em uma sociedade que nos tirou o direito de esquecer.
Discussões filosóficas à parte, agora pensando linguisticamente, o que talvez você não saiba é que há técnicas de escrita que podem garantir clareza, objetividade, coesão e coerência ao seu texto, e, sobretudo, o respeito ao limite da memória do seu leitor!
Rapidez e leitura caminham juntas
Uma boa compreensão do que se lê, depende da leitura rápida. Ou seja, para compreender uma frase inteira, é preciso lembrar-se do texto já lido.
A nossa memória é como um reservatório com pouco espaço: tudo o que entra tem pouco tempo de permanência, a este “lugar” chamamos memória imediata. Portanto, se a leitura não for rápida, para completar logo o sentido, a informação parcial evapora-se.
Quando o leitor lê uma frase e logo completa o sentido na memória imediata, a informação vai para uma outra memória, de médio prazo.
Essa memória segura as informações enquanto você lê o texto todo, seja ele uma reportagem, ou um romance de quinhentas páginas.
Como última etapa, o cérebro registra o que foi lido na memória permanente. Por isso, dez anos depois de ler um romance, você ainda pode lembrar-se das personagens e dos episódios principais da história.
Portanto, para uma leitura rápida, há pré-requisitos imprescindíveis, que serão tratados nos próximos posts da série #escrevabem.
1°) Períodos curtos
2°) Muitos verbos e pontos finais
3°) Ordem direta (o mais importante no começo)
4°) Pouca ou nenhuma intercalação
5°) Enumeração anunciada
6°) Palavras curtas
7°) Palavras conhecidas
Enquanto o próximo post não vem, que tal você postar aqui frases que estejam entre as melhores frases curtas do mundo?
Eu já escolhi a minha! Do nosso querido Gabo, Gabriel Garcia Márquez:
“Recordar é fácil para quem tem memória. Esquecer é difícil para quem tem coração”
Fonte: Para escrever bem. Editora Manole. Autoras: Maria Elena e Maria Otilia.